Sinais da desaceleração no mercado de trabalho
Izis Janote Ferreira
Acompanhar a evolução do mercado de trabalho é importante para entender a capacidade de consumo das famílias. Afinal, a renda do trabalho é a principal fonte de recursos da imensa maioria dos consumidores no país.
A leitura das estatísticas do CAGED [1] do ano passado deixaram clara a dinâmica de desaceleração do mercado de trabalho formal a partir da segunda metade de 2022. Um primeiro sinal importante é que o saldo de 2022 (2.037.982 vagas) diminuiu em relação a 2021, com os desligamentos crescendo mais do que admissões. Desde agosto predomina tendência de retração nas contratações pelas empresas de todos os grandes setores econômicos.
Falando em setores, os serviços se destacaram como o grande contratador no ano (58% do total de vagas geradas), ou seja, o saldo entre admissões e desligamentos foi mais expressivo do que na indústria, no comércio e na agricultura, por exemplo.
A retomada do consumo de serviços represado pela pandemia aumentou a atividade das empresas prestadoras e a necessidade de contratações, após dois anos (2020 e 2021) de consequências socioeconômicos desastrosas da crise sanitária.
Outro sinal de que o emprego formal pisou no freio pela menor atividade econômica é que, no último mês de dezembro, as demissões foram bem maiores do que nos meses de dezembro de anos anteriores, o que gerou grande fechamento líquido de vagas, ou saldo negativo (-431 mil vagas). Dezembro é um mês no qual geralmente há mais demissões do que contratações, mas 2022 o volume de desligamento ficou acima da média dos últimos anos.
Menor fôlego do emprego celetista, mas salário de admissão (R$ 1.915,16) mais alto: o crescimento real dos salários de quem está entrando no trabalho formal tem motivo, e ele se chama inflação, mais baixa em 2022 do que em 2021. Mas vale destacar que esses salários de admissão vêm caindo desde agosto, indicando achatamento dos salários de entrada.
Os dados mostram ainda que as mulheres são menos representativas no emprego formal (47,1% da força de trabalho) do que os homens. E em relação a distribuição geográfica, foi no Centro-Oeste, Norte e Nordeste onde o mercado de trabalho teve o melhor desempenho, com mais contratações líquidas do que no Sudeste e no Sul.
[1] Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, é o registro permanente efetuado pelas empresas de contratações e demissões sob o regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
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